Signos concretos da cidade constituem as narrativas que criamos com nossas vivências. Memória, segundo a Enciclopédia Treccani, é a capacidade comum a muitos organismos de preservar traços mais ou menos complexos e duradouros de estímulos externos experimentados e das respectivas respostas.

 

Desacontecimentos traz a ocorrência da desconstrução de elementos concretos que nos servem de referência histórica, memorialística e afetiva, e que começam a existir somente em imagem, mental ou fotográfica. A narrativa se contamina com os resquícios da história coletiva e da história íntima, trazendo uma auto-ficção que incita imagens em texto e imagens fotográficas.

 

O corpo-ambiente tensiona a narrativa íntima com a narrativa histórica quando insere as cicatrizes das seringueiras, a antiga residência de Antônio Tavernard, os trilhos aterrados do bondinho, o prédio desacontecido da rua Leão XIII, a antiga casa na av. Senador Lemos. A cidade está além de cenário, ela é personagem de nossas vidas, como fala Tetsuro Watsuji sobre as paisagens que atuam nos corpos e corpos que atuam na paisagem, mutuamente.